quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Gore apela por acordo em Báli sem EUA

O ex-vice-presidente americano e Prêmio Nobel da Paz 2007, Al Gore Jr., fez hoje um apelo para que a 13ª Conferência sobre Mudança do Clima das Nações Unidas, que termina nesta sexta-feira, em Báli, na Indonésia, chegue a um acordo mesmo sem o apoio dos Estados Unidos, maior poluidor mundial.

"Não estou aqui manietado pelas convenções diplomáticas", declarou o ex-vice-presidente, que teve mais votos populares do Bush na eleição presidencial da 2000 mas perdeu na Suprema Corte e no Colégio Eleitoral. "Então vou dizer uma verdade que incomoda: meu próprio país, os EUA, é o maior responsável pela obstrução a qualquer progresso aqui em Báli".

"Vocês podem sentir cólera e frustração, e jogar isso contra os EUA. Ou então podem fazer uma segunda opção, decidir avançar e fazer todo o trabalho difícil que deve ser feito", acrescentou.

Gore lembrou que haverá eleição presidencial nos EUA em novembro de 2008, sustentado que o novo presidente será mais sensível ao problema do aquecimento global.

"Deixem um grande espaço em branco com uma nota de pé de página", disse Gore, sugerindo que o futuro presidente americano acrescentaria nesse espaço a contribuição americana para a luta contra o agravamento do efeito estufa.

O objetivo central da Conferência de Báli é lançar as negociações de um acordo que substitua, a partir de 2013, o Protoloco de Quioto, que expira em 2012.

Esse protocolo obriga os países industrializados a reduzir suas emissões de gases-estufa, especialmente gás carbônico da queima de combustíveis fósseis como carvão e petróleo, em 5% em relação a aos níveis de 1990. Os países em desenvolvimento precisam apenas monitorar suas emissões.

Agora, a União Européia defende a adoção de metas rígidas para todos os países. Os EUA resistem, inclusive se aliando a grandes países em desenvolvimento como a China e a Índia.

As duas superpotências emergentes da Ásia crescem rapidamente, incorporando centenas de milhões de pessoas à sociedade de consumo. Também não querem aceitar cortes de emissões capazes de reduzir também o crescimento econômico.

O mesmo raciocínio aflige a delegação brasileira. Como o Brasil até hoje foi incapaz de impedir a destruição da Amazônia. É um patrimônio natural incalculável ainda inexplorado, capaz de revelar muitas surpresas na revolução da biotecnologia, que está apenas começando. Vai reprogramar o mundo.

Seria louvável fazer programas internacionais de preservação de florestas tropicais. Mas o Brasil teme ingerência externa e recua para uma posição soberanista e defensiva.

Quando o ministro de Ações de Longo Prazo, Roberto Mangabeira Unger, declara que,"se tiver de optar entre desenvolvimento e preservação ambiental, todo país vai escolher desenvolvimento", está colocando um falso dilema.

O grande desafio hoje é o desenvolvimento sustentável, que não comprometa a qualidade de vida das futuras gerações.

Dono da maior biodiversidade do planeta, do maior banco genético do planeta, de um patrimônio natural sem rival, o Brasil deveria assumir um papel de liderança em questões ambientais. A busca de um modelo de desenvolvimento sustentável deve ser um objetivo permanente para um país que deve quase tudo à sua natureza prodigiosa.

De resto, com a lógica do extrativismo, do latifúndio e da exploração predatória, o Brasil destrói seu patrimônio natural.

Dentro desta lógica, o planeta vai ferver, a Amazônia será destruída, as catástrofes climáticas serão mais extremadas, vai faltar água e haverá grandes perdas, de 20% a 40%, na produção agrícola.

Assim caminha a humanidade.

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