quinta-feira, 29 de novembro de 2007

África precisa de 820 mil profissionais de saúde

A África é o continente mais assolado por doenças preveníveis e tratáveis como malária, aids e tuberculose, mas tem apenas 3% dos profissionais de saúde. Milhões de africanos sofrem e morrem necessariamente todos os anos.

Um estudo da empresa de consultoria McKinsey estima que só a África Subsaariana, que exclui os países árabes no Norte do continente, precisa de mais 820 mil médicos, enfermeiras, parteiras, atendentes hospitalares e agentes de saúde para atingir a média por habitante indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 2,5 para cada mil habitantes.

Na África, a média é de 1,3/mil, em contraste com 7 na América e 11 na Europa.

Para atingir a meta da OMS, os governos da região teriam de aumentar seus quadros de pessoal de saúde em 140%.

Infelizmente, conclui o relatório, não há dinheiro para contratar, treinar e sustentar esse exército de trabalhadores de saúde. A maioria dos recursos destinados à saúde em 2015, estimados em US$ 22 bilhões, irá apenas manter os precários serviços atuais, com um gasto de cerca de US$ 20 por pessoa.

Se forem computados as correções salariais e o aumento de despesas com novos métodos de tratamento de doenças como aids e tuberculose, sobrariam apenas US$ 400 milhões para formar e contratar novos trabalhadores da saúde.

Mesmo com dinheiro, é impossível encontrar pessoal qualificado. Haveria necessidade de mais 600 faculdades de medicina e de enfermagem e de décadas para formar os profissionais.

Outro problema é que a falta de infra-estrutura, hospitais e equipamentos médicos, e os salários baixos acabam provocando a emigração dos melhores profissionais para países mais desenvolvidos.

Depois de entrevistar 40 especialistas em oito países africanos, o estudo faz algumas recomendações:

1. Os governos da África devem examinar modelos de serviços de saúde de outros países em desenvolvimento, onde paramédicos e agentes de saúde comunitários complementam o trabalho dos profissionais mais qualificados, a exemplo dos médicos de pés descalços chineses. Seria uma estratégia com relação custo-benefício muito superior às abordagens tradicionais.

2. A ajuda internacional e as organizações não-governamentais (ONGs) devem apoiar esforços para aumentar a produtividade dos trabalhadores de saúde na África.

3. É preciso mudar a lei de alguns países onde todo o trabalho dos profissionais de saúde está subordinado ao Estado, criando um ambiente que estimula a participação do setor privado, ONGs e entidades comunitárias, de modo a aliviar a carga do setor público.

Leia a íntegra do relatório McKinsey sobre a saúde na África.

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