sexta-feira, 18 de maio de 2007

Wolfowitz deixa Banco Mundial em 30 de junho

Depois de mais de um mês de resistência, sob a acusação de corrupção e tráfico de influência por conseguir aumenta de salário e transferência para a namorada, o presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, concordou em deixar o cargo em 30 de junho.

Subsecretário da Defesa dos Estados Unidos no primeiro governo George W. Bush (2001-05), Wolfowitz foi um dos principais articulares da invasão do Iraque, que defendera nos anos 90, muito antes dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra os EUA. Com o fracasso da ocupação, foi indicado pelos EUA em 2005 para a Presidência do Banco Mundial, onde chegou com um discurso de combate à corrupção, alegando que boa parte dos empréstimos e da ajuda aos países pobres é desviada por dirigentes políticos corruptos.

O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) foi criado em 1944, na Conferência de Bretton Woods, nos EUA, para financiar a reconstrução dos países atingidos pela guerra, ao lado do Fundo Monetário Internacional (FMI). Eram as organizações internacionais responsáveis pela ordem econômica internacional do pós-guerra.

Com a recuperação da Europa e a descolonização da África e da Ásia, o BIRD se transformou numa agência de desenvolvimento internacional e passou a ser conhecido como Banco Mundial.

Wolfowitz não chegou a propor um modelo de desenvolvimento. Seu programa era combater a corrupção. Precisava dar o bom exemplo, com uma conduta irretocável.

Quando estourou o escândalo de que teria favorecido sua namorada, Shaha Riza, que foi transferida para o Departamento de Estado, o Ministério das Relações Exteriores dos EUA, com aumento de US$ 50 mil na renda anual, o que lhe dá um salário superior ao da secretária Condoleezza Rice, alegou estar sendo perseguido por sua defesa da guerra no Iraque.

Mas os países europeus não cederam. Não se pode pregar a correção, a probidade administrativa, a transparência e a boa governança, e fazer exatamente o contrário.

Tradicionalmente os EUA indicam o presidente do Banco Mundial. O presidente Bush estaria pensando no ex-representante comercial americano Robert Zoellick, aquele que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de "sub do sub do sub"; o ex-presidente do Federal Reserve Board (Fed), o banco central americano, Paul Volcker; o atual secretário do Tesouro, Henry Paulson; e até mesmo o demissionário primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Por causa de seu apoio incondicional a Bush no Iraque, Blair ficou contra as posições da Alemanha, da França e da opinião pública européia ao ir à guerra sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Isto reduz a possibilidade de que venha a ocupar um cargo como a Presidência da União Européia (UE).

Se Blair for mesmo para o Banco Mundial, isto sinalizará um fortalecimento da instituição. Nos últimos anos, o primeiro-ministro britânico foi um dos líderes mundiais que mais defendeu a promoção do desenvolvimento da África e o combate ao aquecimento global.

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