segunda-feira, 23 de abril de 2007

Fraude e violência marcam eleição na Nigéria

Falta de cédulas, denúncias de fraude e pelo menos dois ataques contra funcionários públicos mancharam a eleição presidencial de 21 de abril na Nigéria, em um prenúncio de mais instabilidade no país mais populoso da África, oitavo maior exportador mundial de petróleo. O resultado pode sair hoje.

A expectativa é que esta seria a primeira transição democrática de poder na Nigéria, dominada por ditaduras militares na maior parte de sua História independente, desde que se separou do Império Britânico em 1960. O risco é que as irregularides provoquem uma revolta generalizada e a rejeição do resultado. Pode haver longas batalhas judiciais e manifestações de protestos violentas neste país de 140 milhões de habitantes, único no mundo com uma população negra maior do que o Brasil. De lá vieram a tradição iorubá e o Candomblé, a religião dos orixás.

O favorito é Umaru Yar'Adua, do Partido Popular Democrático (PPD), do atual presidente, general Olusegun Obasanjo, herói nacional a quem é creditada a pacificação do país depois da guerra civil em Biafra (1966-70).

Com esta imagem, Obasanjo, um iorubá ganhou as eleições presidenciais de 1999 e 2003, depois da morte do brutal ditador Sani Abacha, em circunstâncias suspeitas, em 1998. Abacha teria sido envenenado com um falso medicamento para impotência sexual quando se divertia com duas prostitutas.

Apesar da riqueza do petróleo, Obasanjo não conseguiu melhor o nível de vida da maioria da população. A renda média por habitante é inferior a US$ 700 por ano.

Depois de oito anos no poder, o PPD consolidou-se em todo o país, onde convivem 300 povos, que falam 250 línguas diferentes. Mas, no artigo Como roubar mais uma eleição, a revista inglesa The Economist, acusa o partido do governo de ter ido longe de mais, promovendo uma fraude generalizada: "Tão flagrante foi a manipulação dos resultados das eleições para governadores dos 36 estados em 14 de abril que todos os partidos de oposição pediram a anulação dos resultados e o adiamento da eleição presidencial".

Da região rica em petróleo no Delta do Rio Níger, o ativista dos direitos humanos Anyakwee Nsirimovu, denunciou uma fraude maciça, com falta de cédulas em muitas seções eleitorais, registros de eleitores incompletos ou simplesmente a não-abertura de diversas zonas de votação: "Com base no que vimos no trabalho de campo, a eleição não aconteceu", declarou ele ao Wall Street Journal.

O Grupo de Monitoramento da Transição e o vice-presidente Atiku Abubakar, um dos principais candidatos da oposição, pediram a anulação do pleito e a realização de novas eleições.

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