terça-feira, 20 de março de 2007

Iraque é maior erro americano desde o Vietnã

Maior erro da política externa dos Estados Unidos desde a Guerra do Vietnã, a invasão do Iraque completou quatro anos em 29 de março sem perspectivas de pacificação do país. A grande esperança de paz está numa conferência internacional marcada para abril na Turquia, reunindo os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e os vizinhos do Iraque, inclusive o Irã e a Síria, maiores inimigos estatais dos Estados Unidos no Oriente Médio.

Mais de 3,2 mil americanos (3.217 até 19 de março) e pelo menos 60 mil civis iraquianos foram mortos. Uma pesquisa feita pela revista médica britânica The Lancet, supondo que haja uma grande subnotificação, estimou o total de civis mortos em até 655 mil.

Dois milhões de iraquianos saíram do país, e 1,8 milhão são refugiados internos. O custo da guerra passa de US$ 400 bilhões. Pode chegar a US$ 2 trilhões, dependendo de quando será a retirada americana.

O presidente George Walker Bush, que declarara “o fim dos grandes combates” em 1º de maio de 2003, como se a guerra tivesse acabado, agora pede mais paciência. Insiste em que “a vontade de vencer” é decisiva para os soldados americanos nas frentes de batalha e acena com a ameaça terrorista, hoje real, enquanto o Congresso, desde janeiro dominado pela oposição democrata, quer cortar o financiamento para encerrar a guerra no próximo ano.

As duas profecias de Bush se auto-realizaram. Saddam Hussein pagava US$ 25 mil para cada família de terrorista suicida palestinos. Mas não havia grupos jihadistas fazendo ‘guerra santa’ muçulmana no Iraque ou a partir do Iraque. Também não havia aliança do Partido Baath, de Saddam, com os fundamentalistas d’al Caeda. Hoje ambos lutam lado a lado contra o invasor. Se expulsarem as forças estrangeiras, começarão a brigar entre si.

No momento, a nova estratégia Bush aposta tudo na Batalha de Bagdá. O presidente está enviado mais 30 mil homens numa tentativa de retomar o controle da capital iraquiana das mãos de milícias e insurgentes. Entende que a vitória “é uma questão de meses, e não de dias ou semanas”.

Entre as vitimas da guerra, estão o unilateralismo americano, a aliança transatlântica, a presidêncial imperial, o projeto neoconservador para democratizar o Oriente Médio.

Entre os vencedores, na análise da revista Foreign Policy, o Irã, os xiitas, o aiatolá rebelde Muktada al-Sader, Al Caeda, a China, a tese do choque de civilizações, os ditadores árabes, o preço do petróleo, as Nações Unidas, Israel e a Velha Europa. Poderia acrescentar o Partido Democrata, mas quem ganhar a Casa Branca em 2008 leva de brinde uma guerra usada em péssimo estado.

Leia a íntegra na minha coluna no Baguete

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