terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Irã é o grande vencedor com invasão americana

Quase três anos depois da invasão americana para derrubar Saddam Hussein, a revista Foreign Policy faz em sua última edição uma análise sobre quem são os 10 grandes vencedores da guerra iniciada pelo presidente George Walker Bush, que certamente está entre os perdedores.

Até agora, o maior vencedor da guerra no Iraque é a República Islâmica do Irã, muito ao contrário do que pretendiam os Estados Unidos. Além de eliminar Saddam, um inimigo histórico com quem o Irã travou uma guerra de oito anos, a ascensão política dos xiitas no Iraque fortalece o Irã.

Em teoria, o novo Iraque laico e democrático seria um modelo para o Oriente Médio e uma ameaça à teocracia iraniana. Ao provocar apenas caos e anarquia, a invasão do Iraque aumentou o medo e o receio de mudanças nos demais povos do Oriente Médio. O fim do baathismo eliminou um inimigo do Irã, primeiro país a reconhecer o novo governo e a estimular o povo iraquiano a participar das eleições convocadas pelos EUA.

Com o vácuo político criado pelo colapso do regime de Saddam, os iranianos rapidamente estabeleceram relações econômicas, religiosas e culturais com a região Sul do Iraque, onde a maioria é xiita. A guerra, nota a revista, transformou a maior parte do Iraque numa zona de influência do Irã e de seu aparato político, cultural e religioso.

Além disso, o Irã está desenvolvendo um programa nuclear que em breve poderá fabricar armas atômicas, o que será muito difícil de impedir, segundo documento reservado da União Européia (UE). Até 2002, a política dos EUA em relação ao Irã era de fomentar a mudança de regime.

Ao invadir o Iraque, os EUA deram uma trégua e uma força ao regime dos aiatolás. Com os xiitas do Iraque, formam hoje um Crescente Xiita com tentáculos até o Hesbolá (Partido de Deus) no Líbano e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Palestina.

Hoje uma das maiores preocupações americanas é conter a influência regional do Irã. Os países árabes de maioria sunita apóiam os americanos. Mas este é, para a revista Foreign Policy, o preço que o Irã paga pela vitória.

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