quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Argentina pede extradição de Isabelita Perón

O Ministério das Relações Exteriores da Argentina pediu ao governo da Espanha a extradição da ex-presidente Maria Estela Martínez de Perón (1974-76), a Isabelita, acusada em dois processos de desaparecimento de pessoas.

Na província de Mendoza, o juiz Héctor Acosta acatou denúncia contra a ex-presidente pelo desaparecimento de um militante político e a detenção de um menor durante seu governo, que precedeu a última ditadura militar argentina (1976-83). Em outro processo, a viúva do general Juan Domingo Perón é processada pelo juiz Norberto Oyarbide por assassinatos cometidos pela Aliança Anticomunista Argentina, a sinistre Triple A, organização de extrema direita liderada por seu ministro do Bem-Estar Social, José López Rega, el Brujo.

Isabelita foi detida em janeiro em Madri, a pedido das autoridades argentinas, e está em liberdade provisória. Foi operada no último fim de semana depois de uma queda em casa em que quebrou o cúbito e o rádio, dois ossos do antebraço direito.

Embora não tivesse nem de longe o charme de María Eva Duarte de Perón, a Evita, que morreu jovem de câncer em 1952, Isabelita foi indicada vice-presidente na chapa do general Perón, quando ele voltou à Argentina em 1973, depois de ser deposto por um golpe em 1955.

Quando Perón morreu, em 1974, ela herdou a chefia do governo. Mas não tinha estatura para dominar um movimento tão diverso como o peronismo, que ia do movimento guerrilheiro Montoneros, de extrema esquerda, à Aliança Anticomunista Argentina, a Triple A, de extrema direita. O conflito interno do peronismo ajudou a insuflar o sangrento golpe de 24 de março de 1976.

Seguiu-se uma onda de terror com 30 mil mortes. A fracassada ocupação das Ilhas Malvinas, em 1982, com a derrota da ditadura na guerra contra a Grã-Bretanha, desmoralizou os militares argentinos. No ano seguinte, eles entregaram o poder aos civis.

Depois de ficar presa por vários anos, Isabelita refugiou-se na Espanha em 1981, onde agora, aos 76 anos, aguarda o julgamento do pedido de extradição, no momento em que outro casal, Néstor e Cristina Fernández de Kirchner, ocupa em nome do peronismo o primeiro plano da política argentina.

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