quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Papa na Turquia tem mais segurança que Bush

A visita do papa Bento XVI à Turquia mobiliza um contingente de seguranças duas vezes maior do que a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

Em setembro, ao falar numa universidade alemã, o papa citou um imperador bizantino do século 14 que descreveu o Islamismo como uma religião da espada, guerreira. Embora as palavras não fossem do próprio papa, um acadêmico e intelectual que fazia uma reflexão sobre os problemas do mundo de hoje, a declaração provocou a ira dos muçulmanos em todo o mundo.

Agora, numa tentativa de desfazer o mal-entendido, Bento XVI afirmou que "o Islã é uma religião de paz" e apelou aos clérigos muçulmanos para que ajudem a conter a violência e o terrorismo.

Ao chegar, Bento XVI prestou homenagem a Kemal Ataturk, o fundador da república da Turquia em 1923, depois da derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial. O kemalismo impôs um regime laico à Turquia, que tem uma parte na Europa, onde fica Istambul, sua maior cidade. É vista como uma ponte entre o Ocidente e o Oriente.

Os Estados Unidos gostariam que a Turquia entrasse para a União Européia como uma forma de combater o mito do choque de civilizações, da suposta incompatibilidade entre as culturas cristã e islâmica. Mas há sérias resistências dentro da Europa.

Em uma década, a Turquia terá uma população maior do que a Alemanha, hoje a maior nação da UE, mas com um nível socioeconômico muito mais baixo. Isto provocaria uma onda migratória de turcos que aceitariam salários mais baixos do que pagos aos europeus.

A tomada de Constantinopla pelos turcos, em 29 de maio de 1453, marcou não só a queda do Império Bizantino ou Império Romano Oriente como o fim da Idade Média. Por isso, comentários de um imperador bizantino ressoam tão profundamente na Turquia.

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