sábado, 25 de novembro de 2006

OTAN dará mais atenção a terrorismo e proliferação de armas de destruição em massa

Em nova mudança estratégica, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar dos Estados Unidos e do Canadá com a Europa, vai intensificar as ações antiterroristas, de segurança cibernética, proteção de recursos naturais e contra a proliferação de armas de destruição em massa, revela o jornal inglês Financial Times.

Na reunião de cúpula da OTAN que começa terça-feira em Riga, na Letônia, com a presença dos presidentes dos EUA, George W. Bush, e da França, Jacques Chirac, e do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, líderes das grandes potências militares da aliança atlântica, deve ser aprovado um documento adaptando a OTAN aos novos desafios de segurança do século 21.

O documento, obtido pelo FT, propõe-se a dar "uma orientação política à contínua transformação da OTAN nos próximos 10 ou 15 anos". Aponta o terrorismo e as armas de destruição em massa como principais ameaças aos seus 26 países-membros.

A OTAN, criada em 1949 para conter a União Soviética durante a Guerra Fria, apresenta-se como a mais bem-sucedida aliança militar de todos os tempos por ter derrotado sua inimiga sem disparar um tiro. Seu propósito era defender os países-membros, não atuando fora de sua área.

Depois do fim da confrontação estratégica entre capitalismo e comunismo, tornou-se ainda mais um braço armado da política externa dos EUA, intervindo nos conflitos que destruíram a antiga Iugoslávia. Foi a primeira vez entrou em ação oficialmente como OTAN, embora sua estrutura militar tenha sido usada na guerra para expulsar os iraquianos do Kuwait, em 1991,

Aos seus 50 anos, em 1999, reformulou sua estratégia para atuar em intervenções humanitárias e atacou a Sérvia na Guerra do Kossovo.

Em 2001, depois dos atentados de 11 de setembro contra os EUA, reiterou o princípio de que um ataque contra um país-membros é um ataque contra todos, oferecendo-se para lutar na guerra do Afeganistão. Mas os EUA, que acreditavam ter lutado de mãos atadas no Kossovo porque dependiam do consenso dos então 19 países-membros, preferiram usar apenas seletivamente as forças de suas aliados.

Hoje a OTAN trava a maior parte dos combates contra a renascida milícia dos talebã (estudantes), que dominou o Afeganistão de 1996 a 2001.

O documento prevê que a OTAN possa travar duas guerras ao mesmo tempo e que esteja preparada para um número crescente de pequenas operações. Isto exige a criação de uma força de reação rápida.

Entre os novos objetivos da aliança, estão "a capacidade para deter, defender e proteger os territórios, forças, infra-estrutura e populações da aliança", o que abre caminho para aumentar o papel da OTAN na segurança interna, uma questão polêmica.

Em entrevista ao jornal espanhol El País, o secretário-geral da OTAN, Jaap de Hoop Scheffer, declarou que "seria um erro transformar a OTAN em polícia do mundo.

Outra preocupação expressa no documento é "a habilidade para proteger sistemas de informação da importância crítica para a aliança contra ataques cibernéticos", assim como "a habilidade de identificar elementos hostis, inclusive em áreas urbanas, para conduzir suas operações de modo que minimize danos não-intencionais e o risco para nossas forças".

A OTAN considera "improváveis agressões convencionais em grandes escala", prevendo que "os futuros ataques devem se originar fora da área euro-atlântica e envolver formas não convencionais de ataque", como em 11 de setembro de 2001.

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