segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Guerra contra o terror matou mais de 72 mil

Cinco anos depois dos atentados de 11 de setembro contra os Estados Unidos, 72.265 pessoas morreram na guerra contra o terrorismo deflagrada pelo presidente George W. Bush com as invasões do Afeganistão e do Iraque. A maioria é de civis iraquianos. As outras 30.626 mortes foram causadas por ataques terroristas ou operações antiterroristas lançadas pelos EUA e seus aliados. Os dados, compilados pelo Instituto da Memória Nacional para a Prevenção do Terrorismo, foram revelados pelo jornal inglês The Independent.

Semanas depois que aviões foram jogados contra prédios como mísseis guiados, em ações suicidas que provocaram 2.973 mortes, em 7 de outubro, os EUA e seus aliados invadiram o Afeganistão e derrubaram o regime da Milícia dos Talebã (Estudantes), que governava o país desde 1996 e abrigava os centros de treinamento da rede terrorista Al Caeda, responsável pelos atentados de 11 de setembro.

Em 20 de março de 2003, os EUA atacaram o Iraque, derrubando em 9 de abril o ditador Saddam Hussein, que governava o país com mão de ferro. Mas longe de levar liberdade e democracia àqueles países, observa o Independent, até hoje eles vivem numa guerra sem fim.

No sábado e domingo, as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar entre a América do Norte e a Europa, liderada pelos EUA, mataram mais de 200 talebã na província de Kandahar, no Sul do Afeganistão. Quatro soldados canadenses morreram e 80 rebeldes foram capturados. O distrito onde nasceu o mulá Mohamed Omar, líder dos Talebã, a sudoeste de Kandahar, está de novo sob controle da milícia fundamentalista.

Em Kandahar e Helmand as forças da OTAN estão em guerra aberta contra os Talebã. Nos distritos de Punjwai e Jerai, cerca de 1,5 mil talebã resistem desde maio a tentativas de soldados canadenses e afegãos de tirá-los dali.

Nos últimos meses, houve uma mudança nas táticas de combate dos Talebã, de ataques pequenos e rápidos seguidos de retirada feitos por grupos de 8 a 15 homens à formação de grupos maiores de centenas ou milhares de homens capazes de tomar territórios e defender a ocupação.

Três anos e meio depois da invasão do Iraque, a violência se agrava. Nos últimos três meses, revela o Departamento da Defesa dos EUA, o número de ataques subiu 15% para mais de 100 por dia e o número de mortos, 51%. Em agosto, houve 1,8 mil mortes, mais do que as 1,6 mil de julho.

A guerra do Iraque abalou a popularidade do presidente a ponto de ameaçar a maioria que o Partido Republicano tem nas duas casas do Congresso desde 1994. Em plena campanha para as eleições intermediárias de 7 de novembro, Bush reforça a mensagem de líder de uma nação em guerra: "Podemos deixar o Oriente Médio seguir no curso em que ia antes de 11 de setembro", proclamou o presidente em discurso na semana passada. E daqui a uma geração, nossos filhos terão de enfrentar uma região dominada por países terroristas e ditadores radicais armados com bombas nucleares. Ou podemos impedir que isto aconteça mobilizando o mundo para confrontar a ideologia do ódio e dar ao povo do Oriente Médio um futuro de esperança."

Nas ruas de Bagdá, a realidade é outra, revela o relatório do Pentágono: "A proporção de ataques contra civis aumentou substancialmente. Esquadrões da morte e terroristas estão presos num ciclo de violência sectária que se reforça mutuamente, com extremistas sunitas e xiitas se apresentando como defensores de suas comunidades."

E mais adiante: "O conflito central no Iraque mudou para uma luta entre extremistas sunitas e xiitas tentando controlar áreas-chaves de Bagdá, criar e proteger enclaves sectários, desviar recursos econômicos, e impor seus programas políticos e religiosos". O Pentágono admite ainda que a insurgência contra a ocupação americana permanente forte.

Outros dados divulgados pelos EUA indicam que os ataques contra forças americanas e iraquianas dobraram desde janeiro. Em julho, os americanos se depararam com 2.625 bombas de beira de estrada, das quais 1.666 explodiram e 959 foram desarmadas. Em janeiro, foram encontrads ou explodiram 1.454 bombas. Isto sugere que, apesar da morte de Abu Musab al Zarkawi, líder d'al Caeda no Iraque morto num bombardeio americano em 7 de junho, a insurgência está mais forte.

Ontem, o governo iraquiano anunciou a captura do número dois d'al Caeda no Iraque, Hamed Jumaa Farid al Saidy, insistindo mais uma vez que a rede terrorista está abalada e enfraquecida. Vamos ver se os números da violência confirmam esta hipótese.

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