segunda-feira, 19 de junho de 2006

ONU adverte sobre fundamentalistas da Somália

A tomada da capital da Somália pelos fundamentalistas da União dos Tribunais Islâmicos ameaça provocar um conflito regional, se a sociedade internacional não se mobilizar para acabar com a guerra civil no país, que não tem um governo estável há 15 anos e vive num estado de anarquia, advertiu hoje o enviado especial das Nações Unidas, Francois Lonseny Fall.

"Se nada for feito agora, o conflito poderá assumir uma dimensão regional e o Conselho de Segurança terá de agir mais", alertou Fall. Ele quer o apoio dos países vizinhos para defender o governo provisório refugiado em Baidoa, a 250 quilômetros da capital, Mogadíscio. "Se perdermos Baidoa, perderemos o processo de paz. Será um retrocesso de anos."

Desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991, a Somália não tem um governo instável.

No final de 1992, o então presidente dos Estados Unidos, George Bush, pai, interveio militarmente no país para garantir a ajuda humanitária a populações ameaçadas pela fome. Seu sucessor, Bill Clinton, mandou atacar o senhor da guerra Mohamed Farah Aidid, que dominava o porto da capital.

Sem equipamento, os americanos foram vítimas de uma emboscada. Dezoito foram mortos e alguns arrastados pelas ruas de Mogasdício no episódio que virou o filme Falcão Negro em Perigo. Depois da retirada humilhante em 1993, os EUA vetaram uma participação mais ativa da ONU na guerra civil em Ruanda, em 1994, onde um genocídio matou cerca de 1 milhão de pessoas da minoria tútsi.

Hoje acredita-se que Al Caeda tenha fomentado o ataque aos americanos. Agora a ameaça vem da União dos Tribunais Islâmicos, uma milícia que tomou no início do mês a capital de senhores da guerra secularistas apoiados pelos EUA.

Os fundamentalistas chegaram a cortar a energia elétrica para impedir que a população assistisse a jogos da Copa do Mundo, já que consideram o futebol antiislâmico. Seu líder, o xeque Sharif Ahmad, admite negociar com o governo provisório mas rejeita a intervenção de uma força de paz da ONU.

Na semana passada, os EUA, a União Européia e a Noruega formaram um grupo de contato para tentar salvar o processo de paz na Somália.

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