quinta-feira, 15 de junho de 2006

Metade da população mundial viverá em cidades em 2007

Mais da metade da população mundial estará vivendo em cidades no próximo ano. Serão mais de 3 bilhões de pessoas, das quais 1 bilhão morarão em favelas, em habitações precárias, em más condições sanitárias, informa um relatório das Nações Unidas.

O documento Estado das Cidades do Mundo 2006-07 afirma que a administração das favelas será um dos maiores desafios para os países em desenvolvimento, que passam por um rápido processo de urbanização pelo qual o Brasil já passou. Em 1960, eram 60 milhões de brasileiros; 70% moravam no campo e 30% nas cidades. Hoje, são 186 milhões de brasileiros e 85% moram em cidades.

As cidades dos países em desenvolvimento serão responsáveis por 95% do crescimento urbano nas próximas duas décadas. Em 2030, abrigarão 80% dos moradores de cidades. O maior crescimento será nas favelas.

Uma nova safra de megacidades com mais de 10 ou até 20 milhões de habitantes na região metropolitana crescerá na Ásia, na África e na América Latina.

É a primeira pesquisa que separa os dados das favelas dos bairros de renda mais alta.

Habitat, a agência da ONU que preparou o relatório, concluiu que os favelados vivem menos do que os pobres do campo, são mais atingidos por catástrofes naturais e têm menos acesso à educação.

Mas o problema não restringe aos países em desenvolvimento. O relatório destaca as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes pobres em Paris, uma das cidades mais lindas do mundo: "Para os refugiados que saíram de favelas africanas, Paris não oferece condições muito melhores do que as de seus países de origem."

Mais de 200 mil pessoas moram na rua ou em abrigos temporários na capital da França e "muitas famílias se espremem habitações provisórias e sem condições por 14 anos".

Com a globalização e o aumento da desigualdade, as cidades do futuro poderão lembrar de certa maneira a era medieval (476-1453). "A riqueza criou ao redor do mundo uma arquitetura do medo, recuando para trás de enclaves residenciais fortificados", constata Habitat. "Estas comunidades cercadas por grades contrariam os princípios fundamentais do desenvolvimento urbano sustentável."

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