segunda-feira, 8 de maio de 2006

Presidente do Irã envia carta a Bush

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, mandou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, propondo "novas soluções" para problemas internacionais, revelou o governo iraniano. É a primeira vez em 27 anos que um líder iraniano envia uma carta ao presidente americano. Os dois países não mantém relações diplomáticas desde 1979, quando a Embaixada dos EUA em Teerã foi invadida e ocupada durante 444 dias.

Bush descartou a possibilidade de negociar diretamente com o Irã. As cinco potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, Rússia, China, França e Grã-Bretanha) discutem um projeto de resolução para obrigar o Irã a parar de enriquecer urânio e suspender seu programa nuclear.

Como a resolução se baseia no Capítulo 7 da Carta da ONU, que prevê até o uso da força, a Rússia disse que é uma preparação para a guerra. O documento, apresentado pela Alemanha, França e Grã-Bretanha prevê "outras medidas" não-especificadas, caso o regime fundamentalista iraniano não cumpra a exigência da sociedade internacional.

No domingo, Ahmadinejad reiterou a disposição de abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, se o Irã for submetido a sanções. Para o embaixador americano na ONU, John Bolton, isto é mais um indício das intenções militares do programa nuclear iraquiano. Se fosse exclusivamente para fins pacíficos, não faria sentido deixar o TNP.

O Irã pode retaliar suspendendo as exportações de petróleo para países considerados hostis, o que geraria mais tensão e alta de preços do petróleo, estacionados ao redor de US$ 70 por barril.

Já o jornal italiano Corriere della Sera comparou o programa nuclear iraniano ao brasileiro, dizendo que o Brasil resiste ao mesmo tipo de inspeções que a Agência Internacional de Energia Atômica quer fazer no Irã. O Brasil acaba de inaugurar duas centrífugas em suas instalações nucleares em Resende, no estado do Rio.

Ao assinar um acordo nuclear com a Argentina, em 1989, o Brasil abriu suas instalações nucleares a inspeções bilaterais e internacionais, e assinou o Tratado de Tlatelolco, que torna a América Latina uma zona livre de armas nucleares. Mas setores nacionalistas do governo e das Forças Armadas entendem que o país deve desenvolver tecnologia nuclear, deixando para mais tarde e decisão de fazer ou não a bomba.

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