terça-feira, 4 de abril de 2006

Saddam Hussein será processado por genocídio

O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, deposto em abril de 2003 por uma invasão americana, será julgado pela morte de milhares de curdos e a destruição de suas aldeias, inclusive pelo ataque com armas químicas contra Halabja, a “Hiroxima curda”, que matou pelo menos 5 mil pessoas em 16 de março de 1988. Outro réu será seu primo Ali Hassan al-Majijd, conhecido como Ali Químico por ter comandado este massacre.

“As investigações sobre o chamado caso da campanha Anfal, em que milhares de homens, mulheres e crianças foram mortos, estão concluídas”, declarou o juiz Raid Jouhi, porta-voz do tribunal que julga o ex-ditador. “Os acusados serão processados com base na lei iraquiana por genocídio e crimes contra a humanidade”.

Saddam Hussein já está sendo processado pela morte de 148 xiitas na cidade de Dujail, em 1982, depois de uma tentativa de assassiná-lo. Estima-se que mais de 100 mil curdos tenham sido mortos na operação Anfal.

IRAQUE CAÓTICO
Diante do caos em que se transformou o Iraque ocupado, a maior preocupação é com os riscos e desafios do dia-a-dia. “Fico feliz que Saddam seja julgado por tudo o que fez”, comentou Sahar Ibrahim. “Mas não faz muita diferença. Não há segurança no país hoje. Está muito pior do que antes. Pelo menos sabíamos onde estava o perigo”.

Durante o fim de semana, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e o ministro do Exterior britânico, Jack Straw, fizeram uma visita-surpresa a Bagdá para pressionar os políticos iraquianos a formar logo um governo de união nacional para enfrentar a onda de violência. Em média, 75 iraquianos estão sendo mortos a cada dia.

A situação se agravou com o ataque à Mesquita Dourada de Samarra, um santuário xiita, em 22 de fevereiro, deflagrando uma forte retaliação contra os sunitas que deixa o Iraque à beira da guerra civil. Centenas de pessoas foram mortas. Milícias agem impunemente e diversos cadáveres com marcas de torturas foram encontrados em Bagdá.

O primeiro-ministro Ibrahim al-Jaafari está sob forte pressão para renunciar. Ele foi reindicado para o cargo pela Aliança Iraque Unido, coligação xiita vencedora das eleições parlamentares de 15 de dezembro de 2005. Mas agora a AIU está dividida. O principal apoio a Jaafari vem do aiatolá rebelde Muktada al-Sader, um dos maiores inimigos da invasão americana. Sua milícia, o Exército Mahdi, enfrentou tropas dos Estados Unidos na semana passada.

Sem união nem dentro da principal coalizão xiita, a expectativa de formação de um governo estável no Iraque é muito pequena.

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