terça-feira, 4 de abril de 2006

Primeiro-ministro da Tailândia cai

Depois de semanas de protestos e de eleições boicotadas pela oposição, o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, o homem mais rico da Tailândia, pediu demissão. Ao sair de um encontro com o rei Bhumibol Adulyadej, Thaksin declarou: “Não temos tempo para brigar. Quero a união do povo tailandês e esquecer o que aconteceu”.

Mas a oposição não quer esquecer o que aconteceu, sobretudo as denúncias de corrupção e de abuso de poder envolvendo o primeiro-ministro demissionário, especialmente a venda de seu império de telecomunicações por US$ 1,9 bilhão para uma empresa estatal de Cingapura sem pagar impostos.

Sob intensa pressão das ruas, Thaksin antecipou as eleições parlamentares tailandesas em três anos, na esperança de ser absolvido pelo “julgamento das urnas”. Seu partido obteve 57% dos votos mas sua vitória perdeu a legitimidade por causa do boicote da oposição.

Das 500 cadeiras da Câmara dos Deputados, 38 não foram preenchidas. Sem adversário, os candidatos do governo precisavam de pelo menos 20% dos votos destes distritos e o eleitor tinha a opção de votar Não. Cerca de 40% dos eleitores deste país do Sudeste Asiático optaram pelo voto de protesto. Como a Constituição da Tailândia prevê que o parlamento não se reúna sem que todas as cadeiras estavam preenchidas, será preciso realizar novas eleições nos 38 distritos onde não houve vencedor.

Há um ano, depois de ser o primeiro chefe de governo civil a concluir um mandato de quatro anos na Tailândia, Thaksin foi reeleito com ampla maioria, conquistando 377 das 500 cadeiras da Câmara.

Ele se lançou na política como um diretor-presidente que levaria a eficiência administrativa do setor privado para a vida pública. Mas seu governo foi marcado por uma guerra contra as drogas em que morreram 2,3 mil tailandeses, o crescimento de uma guerrilha muçulmana num conflito que causou 1,2 mil mortes, tentativas de manipular a mídia, favoritismo, tráfico de influência e corrupção.

Antes das eleições de 2001, Thaksin tentou esconder sua participação na empresa de telecomunicações Shin Corporation transferindo ações para parentes, seu motorista, sua empregada e outras pessoas. Em determinado momento, dois empregados seus estavam entre os 10 maiores acionistas da Bolsa de Valores de Bangcoc.

Thaksin deveria ficar como primeiro-ministro interino até a formação de novo governo. Mas preferiu transferir o cargo para o vice-primeiro-ministro Chidchai Vanasatidya.

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