segunda-feira, 10 de abril de 2006

França abandona lei do primeiro emprego

Depois de mais de um mês de greves, protestos e manifestações de rua às vezes violentas, o presidente da França, Jacques Chirac, resolveu revogar a chamada lei do primeiro emprego, prometendo adotar medidas para "favorecer a inserção profissional de jovens em dificuldades", anunciou hoje de manhã o Palácio do Eliseu.

A nova proposta já foi apresentada à Assembléia Nacional pela União por um Movimento Popular, partido de Chirac e Villepin. Toda empresa que der emprego a jovens de 16 a 25 anos com baixa qualificação, residente numa zona urbana problemática ou titular de um contrato de inserção na vida social (civis) receberá ajuda governamental. Esta ajuda será de 400 euros por mês no primeiro ano e 200 euros por mês no segundo. O dinheiro virá de um aumento de impostos sobre o tabaco. Podem fazer parte do programa civis jovens com diploma de segundo grau ou inferior.

Por sua vez, o primeiro-ministro Dominique de Villepin argumentou que a lei revogada foi mal compreendida. Ele apresentou a proposta para facilitar a contratação e demissão de jovens depois da revolta dos jovens de origem estrangeira da periferia de Paris, em outubro e novembro do ano passado.

Como o índice de desemprego entre jovens é de 23%, bem acima da média nacional de 9,6%, chegando a 40% entre os de origem estrangeira, Villepin propôs que as empresas poderiam demitir sumariamente jovens de até 26 anos em seu primeiro contrato de trabalho durante um período de até dois anos.

Sob pressão das ruas, Chirac prometeu reduzir este prazo de dois para um ano e exigir que as empresas justificassem a demissão. Mas nada conseguiu acalmar estudantes e sindicalistas, que vêem na medida um primeiro passo para cortar direitos sociais e garantias trabalhistas na França.

Com o recuo do governo, fica prejudicada a candidatura presidencial de Villepin, um diplomata de carreira que obteve notoriedade ao se opor à invasão dos EUA ao Iraque no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 2003. Ele era o favorito do presidente Chirac para ser o candidato da direita na eleição do próximo ano.

Nenhum comentário: