segunda-feira, 6 de março de 2006

O dilema do Paquistao, unico pais muculmano com armas nucleares

O presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, elogiou publicamente o ditador do Paquistão, general Pervez Musharraf, por seu apoio na guerra contra o terrorismo. Mas reservadamente pressionou o general a ser mais ativo na caçada aos remanescentes da Milícia dos Talebã (Estudantes), que se rearticula no vizinho Afeganistão, e no combate aos membros d’al Caeda (a Base) refugiados nas montanhas entre o Paquistão e o Afeganistão. Os EUA suspeitam que Ossama ben Laden e seu lugar-tenente, Ayman al Zawahiri escondam-se por lá. Há poucas semanas, bombardearam diversas casas tentando matar Zawahiri.

Tanto Bush quanto Musharraf enfrentam sérios dilemas. O Paquistão explodiu a bomba atômica em maio de 1998, logo depois da Índia. É o único país muçulmano com armas nucleares. Por isso, é fundamental para os EUA a aliança com o Paquistão para garantir que a tecnologia nuclear não seja difundida. Nos sonhos delirantes de Ben Laden de recriar o Califado como uma superpotência muçulmana com os petrodólares e a bomba paquistanesa.

Sem o apoio do serviço secreto paquistanês e os petrodólares da Arábia Saudita, os Talebã jamais teriam chegado ao poder no Afeganistão (1996-2001), a princípio com a concordância dos EUA. Hoje o presidente afegão, Hamid Karzai, acusa o Exército paquistanês de conivência no renascimento dos Talebã. Musharraf retruca que Karzai não controle nem seu próprio país, portanto não deve dar palpite nos negócios paquistaneses.

Por um lado, os EUA precisam do Paquistão para combater o terrorismo e caçar seus inimigos d’al Caeda, e de garantias de que a tecnologia da bomba atômica não caia nas mãos de terroristas, hoje o maior pesadelo dos estrategistas americanos. Um golpe de Estado no Paquistão liderado por oficiais fundamentalistas foi descrito pelo professor paquistanês Athar Hussain, então subdiretor do Centro de Pesquisas sobre Ásia da London School of Economics, como roteiro de um filme de terror não uma hipótese possível. Mas os atentados de 11 de setembro de 2001 também seriam considerados um pesadelo hollywoodiano se não fossem reais.

Por outro lado, o general Musharraf também precisa administrar as pressões de setores militares mais ligados ideologicamente ao islamismo, que entendem que o país não recebe a contrapartida merecida por seu apoio aos americanos. O ditador, alvo de pelo menos dois atentados terroristas, precisa se equilibrar entre setores das Forças Armadas simpáticos aos Talebã e os que exigem uma solução para o conflito na Caxemira, os 10% de extremistas que votam em partidos fundamentalistas e os políticos que exigem a volta da democracia.

A aliança EUA-Índia, selada na semana passada com a assinatura de um acordo nuclear, deixa claro que a prioridade para os americanos na região é a Índia. Musharraf prometeu combater o terrorismo e o extremismo mas cobrou ajuda dos EUA para resolver o conflito na Caxemira, uma região de maioria muçulmana que pertence parcialmente à Índia, um problema que se arrasta desde que Índia e Paquistão se tornaram independentes do Império Britânico em 1947.

Os americanos estão dispostos a facilitar as negociações mas rejeitaram o papel de mediadores. A Índia não aceita a mediação internacional no que considera um problema interno, a revolta dos muçulmanos na parte indiana da Caxemira. O Paquistão luta pela realização de um plebiscito em que a maioria muçulmana poderia aprovar a anexação ao Paquistão.

Musharraf também protestou diante de Bush contra as caricaturas do profeta Maomé publicadas na imprensa ocidental. No Paquistão, a blasfêmia é punida com a morte.

2 comentários:

Anônimo disse...

Jobim, parabéns pelo seu novo blog. Gostei muito e está sendo fundamental em minhas pesquisas. Sou um visitante assíduo desse novo espaço jornalístico.

Anônimo disse...

Houve um erro de interpretação de códigos HTML. Minha intenção era colocar a palavra "blog" em itálico, já que se trata de um termo em inglês. Acabou sendo impresso na tela "/*. Este sistema deve utilizar ainda uma página de código antiga.