segunda-feira, 20 de março de 2006

Último ditador da Europa vence eleição na Bielorrússia mas oposição protesta

Mais de 10 mil pessoas saíram ontem às ruas de Minsk, capital da Bielorrússia, para denunciar fraude na eleição presidencial e pedir a realização de nova eleição. O presidente Alexander Lukachenko foi declarado vencedor com 82,3% contra 6% do candidato da oposição, Alexander Milinkevitch, um resultado que lembra as eleições da era soviética.

Será o terceiro mandato consecutivo de Lukachenko, que chegou ao poder em 1994 nesta país de 10 milhões de habitantes. Desde então, governa com mão de ferro, no estilo stalinista, reprimindo a imprensa e a oposição, espionando a vida dos cidadãos com uma polícia política que ainda tem o nome do velho KGB (Comitê de Defesa do Estado) da extinta União Soviética.

Por ironia do destino, a URSS acabou em Minsk em 8 de dezembro de 1991, quando as três repúblicas que formavam o núcleo eslavo da superpotência comunista Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, decidiram se separar. O stalinismo renasceu lá e sobrevive lá até hoje, mesmo depois da morte do ex-ditador iugoslavo Slobodan Milosevic, que já foi apontado como o último stalinista da Europa.

Antes mesmo do anúncio oficial, os oposicionistas se reuniram na Praça Outubro, enfrentando temperaturas abaixo de zero, para denunciar fraude e os métodos autoritários dos 12 anos de governo Lukachenko.

"Conquistaremos a liberdade", bragou Milikevitch. "Nossa luta é sagrada. A liberdade vai vencer. A Bielorrússia vai vencer."

A Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) disse que as eleições não foram limpas. Os EUA declaram o resultado inválido e pediram a realização de novo pleito mas a União Européia limitou-se a protestar diplomaticamente.

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