quarta-feira, 8 de março de 2006

Hamas reduz poderes do presidente palestino e recebe ameaca de Israel

Israel ameaçou nesta terça-feira toda a liderança do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), inclusive o primeiro-ministro designado Ismail Haniyeh, caso o principal partido fundamentalista palestino retome suas ações terroristas. As Forças Armadas israelenses já mataram diversos líderes do Hamas

Na primeira sessão de trabalho do novo parlamento palestino, o Hamas, grande vencedor das eleições de 25 de janeiro, retirou na segunda-feira, 6 de março, os poderes especiais concedidos ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, antes que o Hamas assumisse o controle. Abbas, herdeiro do falecido Yasser Arafat, é do partido Al Fatah, grande derrotado nas eleições.

A sessão degenerou em bate-boca entre deputados do Hamas e da Fatah. Os oposicionistas acabaram se retirando. Mas antes disso, o principal partido fundamentalista palestino conseguiu anular todas as decisões da última sessão da legislatura anterior. O líder da bancada oposicionista, Azzam al-Ahmed, disse que tentou negociar com o Hamas. Mas com maioria de 74 das 132 cadeiras do Conselho Nacional Palestino, o Hamas preferiu passar seu rolo compressor.

Na tentativa de formar um governo de união nacional, o Hamas convidou a Fatah e outras facções para compor o ministério. Mas o clima no parlamento não é de entendimento mas de radicalização. Os dois maiores partidos lutam para defender seu espaço político depois da revolução representada pela vitória do Hamas em janeiro, depois de décadas de domínio da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), controlada pela Fatah.

Em 13 de fevereiro, semanas depois das eleições e cinco dias antes da posse do novo parlamento, os deputados da Fatah ampliaram os poderes do presidente, contrariando o resultado das urnas. A decisão mais discutida foi a criação de um tribunal constitucional de nove juízes indicados pelo presidente, com poderes para analisar a nova legislação e decider se está de acordo com a Lei Básica, uma espécie de constituição da ANP. O Hamas entende que a ampliação de poderes é ilegítima e poderia ser usada contra seus projetos de lei.

Como Israel não permitiu a viagem de vários deputados palestinos, o parlamento reuniu-se simultaneamente em Gaza, na Faixa de Gaza, e em Ramala, na Cisjordânia.

Na mesma segunda-feira, 6 de março, a Força Aérea de Israel atacou um veículo em Gaza, matando cinco pessoas, dois supostos terroristas do grupo Jihad Islâmica para a Libertação da Palestina e três civis inocentes. O Hamas condiciona a manutenção do cessar-fogo ao fim dos ataques israelenses.

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