quarta-feira, 22 de março de 2006

ETA declara cessar-fogo na Espanha

O grupo nacionalista ETA (Euskadi Ta Askatasuna, que significa Pátria Basca e Liberdade) anunciou nesta quarta-feira, 22 de março, em “cessar-fogo permanente” a partir de sexta-feira na sua luta para tornar o país basco (Euzkal Herria) independente da Espanha, encerrando 38 anos de luta armada em que morreram mais de 800 pessoas. Seus principais alvos eram militares, policiais, juízes e políticos. "A superação do conflito aqui e agora é possível", com "diálogo, negociação e acordo", declarou a ETA em comunicado lido numa gravação de TV e publicado no jornal basco Gara.

Em declaração ao parlamento, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, prometeu “cautela e prudência” ao negociar com os nacionalistas que sonham em criar um país independente reunindo as quatro províncias bascas da Espanha com as três da França.

A ETA é um típico movimento de libertação nacional dos anos 60. Começou lutando contra a ditadura do generalíssimo Francisco Franco, que sufocava os nacionalismos. É comparável ao Exército Republicano Irlandês (IRA), que lutava contra o domínio britânico sobre a Irlanda do Norte mas aderiu ao processo político e entregou as armas no ano passado, 11 anos depois do primeiro cessar-fogo. Se o movimento nacionalista, católico e republicano irlandês conseguiu mais avanços sem o uso da força, o mesmo agora vale para a ETA e seu partido Batasuna, atualmente na ilegalidade porque apoiava a luta armada.

Nos dois casos, pesou a influência do terrorismo internacional, que tirou a legitimidade da luta armada. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, secou o dinheiro que era arrecadado para o IRA nos pubs irlandeses de Nova Iorque, Chicago e outras cidades americanas.

Da mesma forma, quando Madri foi atacada em 11 de março de 2004, que mataram 191 pessoas três dias antes das eleições na Espanha, o governo conservador, que apoiou a invasão do Iraque, tentou atribuir a responsabilidade à ETA. Só por isso os socialistas liderados por Rodríguez Zapatero chegaram à vitória.

Mas criou-se na Espanha um clima antiterrorismo que condenou definitivamente a luta armada da ETA. Não havia mais apoio político o uso da força.

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